memórias residuais: June 2006

Friday 30 June 2006


[...] custa-nos esperar calmamente por que passe. queremos que passe, ou que possamos descobrir um ponto qualquer de consenso sobre que diabo é isto e para onde vai. aspiração ingrata, a de querer saber se somos autênticos ou apenas a elasticidade de propostas autênticas. que medo se formos não outros mas apenas os que estão depois dos outros. de não sermos suficientemente diferentes senão discretamente diferenciados. e queremos acreditar que esta semelhança seja só a incapacidade de vermos melhor onde estamos; que seja só a opacidade da nossa autonomia, que existirá, que se imporá, com o raio do tempo.
[...] estamos à espera que alguém, talvez vitalmente, anuncie terra ou, quem sabe, céu para que a viagem seja maior que nunca.

(a armadilha eficaz, valter hugo mãe)

Tuesday 27 June 2006

As palavras estão gastas...


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
[...]

(Adeus, Eugénio de Andrade)

Friday 23 June 2006

Em vésperas de Son Joon...

Wednesday 21 June 2006


Neste infinito fim que nos alcançou
guardo uma lágrima vinda do fundo
guardo um sorriso virado para o mundo
guardo um sonho que nunca chegou

Na minha casa de paredes caídas
penduro espelhos cor de prata
guardo reflexos do canto que mata
guardo uma arca de rimas perdidas

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...

No mundo onde tudo parece estar certo
guardo os defeitos que me atam ao chão
guardo muralhas feitas de cartão
guardo um olhar que parecia tão perto

Para o país do esquecer o nunca nascido
levo a espada e a armadura de ferro
levo o escudo e o cavalo negro
levo-te a ti... levo-te a ti para sempre comigo...

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que senti
Falo ao mar do que nunca perdi.

(Fim, Toranja)

Tuesday 20 June 2006

Viagem


Aparelhei o barco da ilusão
E reforcei a fé de marinheiro.
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é concedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos).
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida,
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar.
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.

(Miguel Torga)

Monday 19 June 2006

Oco dentro de mim...


Não sei. Falta-me um sentido, um tacto
Para a vida, para o amor, para a glória...
Para que serve qualquer história,
Ou qualquer facto ?
Estou só, só como ninguém ainda esteve,
Oco dentro de mim, sem depois nem antes.
Parece que passam sem ver-me os instantes,
Mas passam sem que o seu passo seja leve.
Começo a ler, mas cansa-me o que ainda não li.
Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.
O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir
É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.

(Álvaro de Campos)

Sons e Ruralidades 28, 29 e 30 de Julho, Vimioso


<<É já no próximo dia 28 de Julho que começam as actividades do festival Sons e Ruralidades.

Em três dias de actividades pretende-se alcançar a fusão entre a Natureza e a Ruralidade através da expressão artística conferida pela Música Tradicional, inserida no contexto etnográfico e ambiental que a vai criando e inovando ao longo dos tempos.

No decorrer do evento serão realizadas oficinas de construção de instrumentos musicais direccionadas para crianças, oficinas de danças tradicionais portuguesas, europeias e "lhaços" de pauliteiros assim como a aprendizagem e interpretação de alguns instrumentos musicais tradicionais do Nordeste Transmontano. Igualmente serão desenvolvidas palestras e tertúlias sobre etnografia e antropologia relacionadas com a música tradicional, evidênciando as suas origens, evolução, contextos e especificidades regionais. Para complementar estas actividades, serão proporcionados arraiais tradicionais, concertos musicais com os Dazkarieh e os franceses Dite 34.

A autoria do projecto pertence às Associações ALDEIA e AEPGA e é realizado com o apoio da Câmara Municipal de Vimioso, Instituto das Artes, Ministério da Cultura da Região Norte entre outras instituições da região que se uniram à organização para tornar possível o evento. Para mais informações: www.aepga.pt / www.aldeia.org >>

Thursday 15 June 2006

Mind gushing memories


The world is moving to the song I hear,
Who's that singing, wind is rushing in my ear,
Mind gushing memories almost lost everything

Moonlight illuminate my night and my days sunray make the people say
And a vision something's missing so they're screaming out loud
Keep my feet on ground and my head in the clouds.
I'm the arrow, you're my bow, shoot me forth and I will go
And I know and I go and I go get up and go
Make me feel its for real tell me what you know.

(Time Of Your Song, Matisyahu)

You really are much more...


now look into my eyes
now look deep into my eyes
and tell me what do you see

I can't see you cry
well just leave it behind
I think you deserve much more than this
you really are much more...

(Sun Goes Down, Blasted Mechanism)

Tuesday 6 June 2006

Perhaps this final act was meant...



If blood will flow when fresh and steel are one
Drying in the colour of the evening sun
Tomorrows rain will wash the stains away
But something in our minds will always stay

(Fragile, Sting)

Friday 2 June 2006

Lisboetas


Incómodo, intenso, comovente, obrigatório... Porque é necessário despertar as consciências, deitar abaixo os preconceitos e ver a realidade como ela é. "Lisboetas", de Sérgio Tréfaut, mostra-nos uma cidade diferente. Revela-nos uma realidade vista pelo olhar dos imigrantes em Portugal e leva-nos a mergulhar nas suas vidas, nas suas dificuldades, no seu dia-a-dia... Porque os vêmos como uma ameaça, ignorando que, muitas vezes, a ameaça somos nós...
Prémio Melhor Filme Português no festival IndieLisboa 2004.

Thursday 1 June 2006

Janelas...

um fascínio... a alma de um local...

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